homenagens

Amigos e familiares lamentam a morte de José Bicca Larré

da redação

Foto: Charles Guerra (Arquivo Diário)

Para quem conhecia, convivia e também admirava seus textos, a morte do jornalista e escritor José Bicca Larré deixará uma grande lacuna. Aos 89 anos, Larré se despediu ontem de amigos, familiares e de quem pode estar alguns momentos ao lado dele. Carinhosamente, Larré foi lembrado como uma pessoa talentosa, dedicada com uma sensibilidade ímpar.

Há cerca de dois anos, ele deixou o Coração do Rio Grande para morar na capital gaúcha. Aos 89 anos, ele se recuperava de uma cirurgia feita na última segunda-feira no Hospital Moinhos de Vento, mas não resistiu. Larré sofria de insuficiência cardíaca e respiratória. O velório está previsto para as 16h desta quinta-feira, na capela 1 do Hospital de Caridade. O sepultamento ocorrerá no Cemitério Parque Jardim Santa Rita de Cássia, às 10h de sexta-feira.


"Quando o Diário nasceu, trouxe junto o espaço de crônicas, aquele texto eclético que se equilibra entre jornalismo e literatura, que também se enraíza na realidade às vezes, mas também se solta em opiniões e subjetividade, que nem folha de árvore ao vento. Trouxe Bicca Larré, como seu cronista dos domingos, uma pessoa importante, uma pessoa tão santa-mariense mesmo sem ser daqui. Por suas palavras a gente conheceu o flamboyant exuberante, o som dos passarinhos da sua rua. Ainda pouco familiarizado com e-mails e facilidade da internet, o jornalista que trazia a história da cidade e sua trajetória, frequentava a redação todos os meses, levava seu pacote de textos e volta e meia seu pacote de bombons. Todas as vezes, ele trazia um sorriso aberto no rosto, a afetuosidade e esse jeito brincalhão que ele também deixava transparecer em suas crônicas", Sione Gomes - jornalista e professora

"Cercado de livros, de cachorros e, fundamentalmente, de amor. É assim que vou guardar o Bicca para sempre. Apaixonado por jornalismo, chegou a ser dono de jornal - e incomodou muito, com esta obsessão nossa de mostrar o que está errado para melhorar o mundo. Tinha o dom de encaixar as palavras com muita sensibilidade e talento. Felizes dos que puderam esperar por sua crônica semanal no Diário, e mais ainda dos que tiveram a oportunidade de conviver com seu talento e sua generosidade", Andreia Fontana - gerente de jornalismo da RBS Serra, foi também editora-chefe do Diário de Santa Maria de 2006 a 2015. 

"Além da importante participação política, Bicca Larré contribuiu com a história intelectual de Santa Maria em todos os sentidos. A dedicação dele e da esposa, a professora Ruth Larré, desde a fundação da Academia jamais será esquecida. A partida dele deixa uma lacuna em todos nós. Ainda estamos nos articulando para prestar as homenagens que ele merece", João Marcos Adede y Castro - presidente da Academia Santa-Mariense de Letras.

"Perdemos um homem honesto, íntegro e justo, que dedicou grande parte da sua vida ao cumprimento da missão de construir uma sociedade mais fraterna. Estamos, todos nós, muito tristes, mas, com a absoluta certeza de que ele cumpriu muito bem a sua missão", João Ricardo Baptista Vargas, Venerável da Loja Rui Babosa 3ª.

"Além do talento cultural que tanto inspirou e encantou os nossos leitores, seu Bicca será sempre lembrado pela generosidade ímpar, um ser humano de valor inestimável. Jamais esqueceremos das suas visitas frequentes à Redação, sempre trazendo consigo caixas e caixas de bombons para presentear cada colega. Por tudo isso e tanto mais, nós seremos sempre gratos pela oportunidade de ter convivido com ele, com seus textos, com seu exemplo", Fabiana Sparremberger - diretora adjunta do Diário. 

"De uma experiência espetacular, Larré foi exímio cronista e um excelente escritor. De uma generosidade incrível, ele não era voltado simplesmente para si. Larré se doava. Ele foi um dos fundadores da Academia Santa-Mariense de letras, redigindo o estatuto quando ela ainda era Associação, em 1986. Firme em seus posicionamentos, sabia se expressar com consistência e integridade ao defender o que acreditava. Santa Maria perde hoje um intelectual que conhecia a cidade como ninguém. Larré merece nossa sincera homenagem", Lígia Militz da Costa - tesoureira e conselheira da Academia Santa-Mariense de Letras. 

"O primeiro contato que eu tive na vida com a mídia jornal impresso, foi através das crônicas do Bicca Larré. Eu era muito pequeno, devia ter uns 8 ou 9 anos, e eu via a minha mãe e meu pai esperando o dia do Bicca Larré no Jornal A Razão. Eu até achava que Bicca Larré era um assunto e não uma pessoa, que pudesse ser uma metáfora. Só depois eu fui perceber que se tratava de uma pessoa muito esperada por minha família. Minha mãe dizia que era a melhor coisa que tinha para ler em Santa Maria. 

Durante muitos anos, ele foi uma das poucas vozes com espaço na imprensa de Santa Maria em defesa da democracia e de ideias progressistas durante a ditadura. Como intelectual, ele teve uma importância muito grande na cidade. Era um estilista, alguém que dominava a crônica e assuntos da cidade como ninguém, isso acabou fomentando em mim essa sensação de pertencimento em relação a cidade e aos assuntos da cidade. Larré se tornou uma referência para mim, prestava muita atenção na maneira como ele escrevia.

Foi uma grande honra pra mim, muito aos depois, ter sido chamado para fazer parte do time de cronista do Diário de Santa Maria em 2002 saber que eu estava na companhia de Larré junto com os outros cronistas. Depois acabei dividindo a mesma página com ele aos domingos. Muitas vezes ele era assunto das minhas crônicas e a gente estabelecia um dialogo, falava dele, ele respondia. Apesar da diferença de idade, a gente se tornou grande amigos, ele visitava a minha casa, conheceu meus pais e a gente falava dessas histórias. Tive a alegria de desfrutar da amizade dele por bastante tempo. A dona Ruth se tornou uma grande amiga também. É com muita tristeza que recebi a noticia da morte dele, soube por um de seus filhos. Acho que Santa Maria deve muito a um grande intelectual, um cronista da cidade e que durante muito tempo foi uma voz muito importante", Marcelo Canellas - jornalista. 

"Larré era um jornalista completo, daqueles que iniciaram no tempo da tipografia. Além disso, ele era um dos últimos de uma grupo que construiu a cultura de Santa Maria, na qual estavam o meu pai, Eduardo Trevisan, o Edmundo Cardoso, o Prado Veppo, o Freire Júnior. Larré fez parte de uma geração que viu o Coração do Rio Grande se transformar em uma cidade importante. Foi ele que me lançou como pintor, na revista Agora. Cresci junto dele. Ele era amigo intimo da minha família", Flamarion Trevisan - pintor

"Eu costumava chamar o Larré de mestre quando editava o Mix e ele perguntava 'mestre por quê?'. Eu respondia que era porque ele me ensinava muito. Fiz uma entrevista em que ele contava parte da trajetória dele e como era a ação política e social de um jornalista dentro do contexto do seu período, da sua vida. E, apesar de achar que ele se tornou uma pessoa bastante conservadora ao longo da vida, sei que ele sempre teve muito embasamento e muita ética em todas as críticas que ele fez, em todas as situações que ele pontuou ao longo da vida, inclusive contra o regime autoritário que o Brasil viveu. E eu acho que ele me ensinou muito neste aspecto. Espero que o céu receba ele de braços abertos", Tatiana Py Dutra - jornalista, foi também editora de Cultura do Diário.

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